Sendo a Deeply uma marca que tem vindo a liderar as vendas no Mercado dos fatos de surf em Portugal, e sabendo que esta tem novos acionistas, queres-nos falar um pouco desta situação?
O Hernan apesar de ser originalmente do Chile, tem residência em Portugal e vive cá há já vários anos. É um empresário com bastante sucesso em várias indústrias e tem vindo a apostar cada vez mais em projetos Europeus.
Já eu, António, sou Português e tenho acompanhado o Hernan em projetos que montámos juntos em vários sectores, desde a biotecnologia ao retalho, como é o caso da Deeply.
Tanto o Hernan como eu, somos empreendedores com experiências bastante diferentes a este projeto onde nos encontramos agora o que nos permite ter uma visão fresca para inovar.
Qual a razão desta compra?
Há uma grande componente emocional por trás, tanto com o surf como com a marca. Os dois já usávamos fatos Deeply desde antes da compra devido à sua qualidade, e valorizávamos a marca.
É uma marca fortemente reconhecida a nível Europeu, pela capacidade de desenvolver produtos técnicos e inovadores de alta qualidade, e de forma acessível. Foram também criados vários ativos que permitem a marca ser sustentável a longo prazo.
De um ponto de vista macro, está claro que os desportos outdoor estão em crescimento e o surf não é exceção. As pessoas começam a procurar alternativas aos ginásios e aos treinos indoor. Procuram algo que lhes proporcione mais para além do fitness.
Existiam muitas barreiras à entrada para novos players neste mercado, mas a Deeply demonstrou uma forte capacidade para poder continuar a crescer nos próximos anos.
Sabemos que há uma maior afinidade com o surf por parte destes novos accionistas da Deeply, queres-nos falar sobre isso?
O Hernan sempre praticou desportos radicais e chegou a ir aos jogos olímpicos de ski. Teve a primeira prancha de longboard do Chile, oferecida por amigos havaianos e desde então criou uma ligação forte com o mar.
Ainda hoje, com mais de 70 anos, continua a aventurar-se pelas praias de Portugal com a sua longboard. Sendo as suas praias de eleição os Aivados e São João.
Eu, apesar de ter começado a surfar tarde, hoje nos meus 30 anos, vejo o surf como uma meditação em movimento, e tornou-se essencial para o meu bem-estar físico e mental. Nunca imaginei que um desporto pudesse influenciar tanto a minha felicidade.
A sede da Deeply vai-se manter em Portugal?
Temos imenso orgulho em saber que a Deeply é uma marca Portuguesa estabelecida no Porto e queremos reforçar a sua origem.
Com isto decidimos manter a Deeply onde foi criada, e desta forma fortalecer as suas raízes. Contudo, vamos mudar o nosso HQ para refletir aquilo que é a Deeply hoje, e o que esperamos que venha a ser no futuro. Uma comunidade que trabalha em conjunto perto do mar. Queremos manter a autenticidade da marca e estar perto daquilo que mais nos inspira, o mar.
É uma nova fase? é uma nova Deeply?
Quando adquirimos a Deeply, tínhamos uma coisa bastante clara. Queríamos criar uma marca com um propósito forte. Procuramos dar a conhecer e passar às pessoas o sentimento de felicidade extrema e de flow que tanto o Hernan como eu, e todos os surfistas sentem quando estão dentro de água.
Queremos igualmente reconhecer que em qualquer watersport se pode atingir isto. Seja o surf, o bodyboard ou até mesmo o kite surf. O que nos une é esta paixão e conexão pelo mar. Temos como objetivo vir a ser a marca mais “community centric” de sempre.
Em nosso favor, a Deeply já tinha uma base forte. Devo referir que grande parte disto se deve a algumas das pessoas extraordinárias que trabalharam para os construir.
Nesta nova fase contamos com objetivos ambiciosos, mas damos sempre prioridade ao nosso propósito e a autenticidade da marca. Procurando aproveitar todos os ativos criados até à data.
O que é que podemos esperar, agora, dos fatos “de surf” da Deeply que são usados por centenas de milhares de surfistas?
A melhor maneira que temos para transmitir o nosso propósito, é através da experiência que proporcionamos à nossa comunidade dentro de água com os nossos produtos técnicos.
Para isto, temos pessoas dedicadas ao desenvolvimento de produtos funcionais que tomam em consideração a biomecânica do movimento e a ciência dos mais recentes materiais e tecnologias.
Existe também um grande envolvimento ao longo do tempo dos nossos atletas no desenvolvimento de produtos. Este trabalho em conjunto permite-nos levar a cabo um “all year testing”, e fazer com que a inovação seja uma constante.
Haverá uma maior aposta no desenvolvimento de novas tecnologias para tornar o fato Deeply no "ultimate wetsuit"?
Como referi no início, queremos ter um forte enfoque na comunidade. Com isto vamos querer sempre oferecer aquilo que a nossa comunidade procura e criar e desenvolver produtos baseados na procura.
Não queremos cair na armadilha de criar ou adicionar novos produtos só porque sim fazer com que tanto a nossa comunidade como nós percamos o “value for money”. No que toca ao desenvolvimento dos nossos fatos, estamos a seguir os “Design Principles” para que a nossa equipa de desenvolvimento, juntamente com os nossos atletas possam constantemente testar novos tipos de design.
Em paralelo procuramos feedback junto dos nossos clientes, e ouvir as suas necessidades. Dando igual prioridade a quem esteja a iniciar, ou alguém que nos encontre dentro de água.
Novos modelos Deeply para quando no mercado Europeu?
Estes últimos meses temos estado a testar novas tecnologias tanto a nível de material, como fizemos com o grafeno, como a nível de cortes e design técnico do fato. Sendo que isto é agora uma constante, temos vários projetos em pipeline, e podem contar já com algumas novidades na próxima coleção, sendo que estas serão consolidadas na coleção do próximo ano.
Relativamente à aquisição dos fatos de surf Deeply, estes têm vindo a estar disponíveis maioritariamente no site da Deeply, ou seja, online. Essa tendência vai-se manter? se sim porquê?
Valorizamos muito a experiência do consumidor. Por isso, temos vindo a investir num canal mais direto, e o online ser o nosso meio de eleição. No entanto, queremos reforçar a experiência dos nossos consumidores através de parcerias com as nossas surf schools.
Estamos a estudar como podemos crescer fisicamente, e ao mesmo tempo manter esta proximidade com o consumidor. Procuramos utilizar canais alternativos dando sempre prioridade a experiência e proximidade.